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quinta-feira, 14 de outubro de 2010

COLUNA: Jogos Históricos de Futebol: Di Stefano

Nome: Alfredo di Stéfano Laulhé
Apelido: La saeta rubia ("A flecha loira")
Cidade Natal/Data de Nascimento: Buenos Aires, 4 de Julho de 1926
Posição: Atacante
Pé: Direito
Altura: 1,78 m

Alfredo di Stéfano Laulhé é um ex-futebolista argentino, que, além de ter jogado pelo país natal, jogou também pela Colômbia e pela Espanha.
Di Stefano está sempre nas apresentações de novos contratados
Di Stéfano foi um jogador brilhante, um dos melhores de todos os tempos. É o presidente honorário do Real Madrid, clube cuja história de sucesso confunde-se com a dele: foi com ele em campo que o Real tornou-se o maior vencedor da cidade de Madrid, da Espanha e da Europa. Foi responsável também por alimentar a rivalidade com o Barcelona, até então inexpressiva.
Não são poucos, especialmente argentinos e espanhóis, que o consideram o melhor jogador do século XX, à frente de Pelé e Diego Maradona. Pelo próprio Maradona, curiosamente ex-jogador dos rivais Boca Juniors e Barcelona, já foi considerado o melhor.
Carreira
América do Sul

O River Plate foi o 1º clube de Di Stefano
Quando criança, curiosamente, não se imaginava como jogador de futebol, preferindo a carreira de aviador, apesar dos incentivos do pai. Só começou a gostar do jogo após marcar três gols quando, aos 17 anos, foi chamado às pressas para completar o time do bairro. Um outro acaso lhe destinou a seu primeiro clube, o River Plate, onde já havia jogado seu pai.
Foi levado à equipe por um ex-jogador desta que, em visita casual em sua casa, ouviu da mãe de Di Stéfano que o garoto tinha talento. Debutou pelo River em 1945, quando o clube possuía um esquadrão conhecido como La Máquina com, além de Pedernera, Juan Carlos Muñoz, José Manuel Moreno, Ángel Labruna e Félix Loustau, conquistando o campeonato argentino do ano. Outro celebrado jogador do clube com quem jogou foi o goleiro Amadeo Carrizo, que também estreou naquele ano.
Porém, sem espaço, Di Stéfano acabou emprestado por um ano ao Huracán, onde fixou-se como centroavante e marcou onze gols, logo sendo trazido de volta pelo River um ano depois, em 1947. O dia de sua estreia é apontado por ele como o melhor de sua carreira, trazendo sempre no bolso um pequeno distintivo gravado com a inscrição "River Plate-San Lorenzo de Almagro, 1947". Marcou 27 gols em sua volta, conduzindo o clube a novo título no campeonato argentino, o primeiro de Di Stéfano como membro efetivo no grupo. Suas atuações em 1947 lhe levariam naquele ano à Seleção Argentina.
Após duas temporadas sem conquistar títulos, entretanto, trocou os Millonarios, por um clube homônimo ao apelido. Os jogadores argentinos haviam realizado uma greve exigindo assistência médica para os familiares, um salário mínimo para a categoria e a extinção do passe, para serem livres para escolher onde gostariam de jogar. Todavia, não foram atendidos, o campeonato parou e muitos foram jogar em outros países. No caso de Di Stéfano, o Millonarios, da liga colombiana que havia sido banida pela FIFA, lhe ofercera proposta bastante tentadora financeiramente.
Chegou ao clube de Bogotá em 1949 juntamente com o ídolo Pedernera e seu ex-colega de River Néstor Rossi e logo foi campeão do campeonato colombiano, que conquistaria ainda em 1951 e 1953, integrando o chamado Ballet Azul. No mesmo ano de sua chegada, é chamado também para defender a Seleção Colombiana. Na Colômbia, aprimorava-se como jogador, passando também a defender e passar a bola com maestria. Além de Pedernera e Rossi, Di Stéfano jogou ainda ao lado de Julio Cozzi, Antonio Báez, Reinaldo Mourín e Hugo Reyes, também argentinso expatriados, assim como o técnico Carlos Aldabe.

As atuações pelos Millonarios incluíam vários amistoso bem pagos pelo mundo. Em um deles, em 1952, a equipe foi chamada para jogar uma partida contra o Real Madrid, que celebrava o aniversário de cinquenta anos deste clube. Em pleno Estádio Santiago Bernabéu, Di Stéfano marcou duas vezes na vitória por 4 x 2 dos sul-americanos. Foi imediatamente contratado pelo Barcelona, outra equipe espanhola. O argentino deixou o Millonarios como o maior artilheiro da história do time, totalizando 267 gols em 292 partidas.
Real Madrid
Di Stefano encerrou a carreira aos 40 anos de idade

O Barcelona o negociara com o clube que oficialmente detinha de seu passe, o River Plate. Di Stéfano já havia participado de três amistosos pelo Barcelona quando o Real Madrid entrou na disputa por ele. O clube da capital falara diretamente com o Millonarios e passou a considerar-se também dono da joia rara. O ministro dos esportes, General Moscardo, apresentou sua solução: o argentino faria temporadas alternadas por cada equipe por quatro anos - começando pelo Real. O acordo foi rejeitado pelo Barça, e Di Stéfano acabaria ficando no Real.
A polêmica mudança dele para o Real fez o Barcelona sentir-se traído. A rivalidade entre as duas equipes, até então irrisória - outros ex-jogadores do clube, como Ricard Zamora e Josep Samitier, já haviam jogado sem problemas na equipe madrilenha nos anos 1930 -, começaria aí, aumentando com o passar dos anos devido às conquistas em série que o Real conseguiria com ele liderando o clube em campo. Antes de Di Stéfano chegar, o clube da capital não era o maior vencedor do país, nem mesmo da cidade: tinha dois títulos no campeonato espanhol, mas conquistados havia mais de vinte anos. No momento, o Barcelona (seis), Atlético Bilbao (cinco), Atlético de Madrid (quatro) e Valencia (três) possuíam mais conquistas em La Liga.
Pois com Di Stéfano em sua primeira temporada, o Real conquistaria seu terceiro título, muito por conta dos 29 gols que deram a artilharia do torneio ao argentino. Um bicampeonato seguido viria na segunda temporada. Este título credenciou o Real Madrid a ser o primeiro representante da Espanha na Copa dos Campeões da UEFA, que teria sua primeira edição na temporada europeia de 1955/56. Nesta temporada, os merengues perderiam o título espanhol para o Atlético Bilbao, mas com ele faturando novamente a artilharia e, o mais importante, com os blancos conquistando a primeira edição do torneio. A vitória na final foi sobre a equipe francesa do Stade de Reims. Di Stéfano marcou um dos gols, diminuindo momentaneamente a vitória parcial do adversário para 2 x 1, com menos de quinze minutos de jogo. A taça viria para a Espanha após o time vencer de virada por 4 x 3. Também para a sede de clube viria um jogador adversário, Raymond Kopa, contratado após a partida.
Di Stefano é penta-campeão da Champions League
A linha ofensiva com seu compatriota Héctor Rial, Kopa e o ponta da Seleção Espanhola Francisco Gento daria frutos na temporada 1956/57, com o Real vencendo novamente o Espanhol (com Di Stéfano novamente na artilharia) e conseguindo um bi na Copa dos Campeões. Di Stéfano e Gento marcaram uma vez cada nos 2 x 0 sobre a Fiorentina. Naquela temporada, ele passaria a defender a Seleção Espanhola, como Rial já vinha fazendo. A temporada que se seguiu viu o Real igualar-se a Barcelona e Atlético Bilbao como o maior vencedor da Liga Espanhola e com Di Stéfano novamente artilheiro dela. A continuação houve também na Copa dos Campeões: pela terceira vez seguida, a taça veio para o Real após vitória apertado 3 x 2 (com ele marcando o primeiro gol merengue) sobre o Milan, que contava com jogadores consagrados como Nils Liedholm e Juan Alberto Schiaffino.
Se as duas temporadas seguintes viram o Barcelona retomar por um tempo a dianteira na Liga, conquistada pelo clube em ambas, elas também viram o Real continuar sua dominação continental. Na primeira, com Di Stéfano novamente artilheiro do Espanhol, o troféu foi levantado após nova vitória, agora por 2 x 0, na final sobre o Stade de Reims, com ele marcando o segundo gol. A segunda seria a mais memorável: primeiro, por um time contar pela primeira vez com o astro Ferenc Puskás na final (uma lesão tirou o húngaro da decisão anterior). Segundo, por ter eliminado nas semifinais seu novo rival, o Barcelona, com duas vitórias por 3 x 1 em que Di Stéfano marcou duas vezes em cada. Terceiro, pela atuação magistral do argentino e do húngaro na final. A dor de cotovelo dos barcelonistas aumentava cada vez mais: o sucesso do Real pela Europa era usado a favor da ditadura de Francisco Franco, torcedor do clube e cujo governo fazia opressão oficial à manifestações culturais consideradas como "não-espanholas" - dentre elas, a catalã, a quem o Barcelona representava.
A segunda decisão terminou em um 7 x 3 sobre o Eintracht Frankfurt, com La Saeta Rubia marcando três e Puskás, os outros quatro. A final foi na Escócia, e a performance foi descrita pelo jornal britânico The Guardian como "Fonteyn e Nureyev, Bob Dylan no Albert Hall, a primeira noite de Sagração da Primavera, Olivier no seu auge, o Armoury Show e a Ópera de Sydney, tudo isso em um só evento". Os anos de ouro no cenário internacional terminariam na década com o Real faturando também a primeira Copa Intercontinental, com vitória de 5 x 1 sobre o Peñarol. Em menos de dez minutos, ele já havia marcado uma vez, e Puskás, duas.
Di Stefano é presidente de honra da equipe merengue
Os anos 1960 vieram com o clube recebendo o troco do Barcelona na Copa dos Campeões, com os rivais os eliminando na primeira fase do torneio de 1960/61, com atuações discretas de Di Stéfano. Um ano depois, os merengues voltaram à decisão: seria contra os portugueses do Benfica, justamente quem em 1960/61 derrotaram surpreendetemente o Barcelona na final. Contra os encarnados, o Real chegou a estar vencendo por 2 x 0 e, posteriormente, por 3 x 2, mas o adversário conseguiu virar e vencer por 5 x 3. Era a primeira vez que os madridistas sentiam o gosto de perder uma decisão da Copa dos Campeões. Coincidência ou não, era também a primeira vez que La Saeta Rubia não marcava na final - os três gols do time foram de Puskás.
Isso foi posto de lado com o clube iniciando a série de títulos na Liga Espanhola que o faria ultrapassar o rival Barcelona e tornar-se o maior vencedor do campeonato. Após conquistar cinco títulos continentais seguidos na década de 1950, o Real levantaria o Espanhol também cinco vezes seguidas entre 1961 e 1965. A última delas foi já sem Di Stéfano no elenco: já sem os mesmo números de artilheiro , Di Stéfano deixou em 1964 o clube cuja história mudara, insatisfeito após ser deixado no banco de reservas depois que o clube perdeu a final da Copa dos Campeões para a Internazionale, novamente, ele não marcou na partida.
Saiu do Real, mas não deixou de continuar como "inimigo" do Barcelona, até porque transferira-se para o outro rival deste, o Español, clube da cidade de Barcelona que tinha imagem de associado ao poder de Madrid. No Español jogou duas temporadas até encerrar a carreira, aos 40 anos, com, além de todos os troféus, mais de 800 gols marcados.


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