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sexta-feira, 17 de setembro de 2010

COLUNA: Jogadores Históricos de Futebol: Franz Beckenbauer

Franz Anton Beckenbauer é um dos melhores zagueiros da história do futebol.
Atualmente é dirigente do Bayern Munique, clube com o qual tem sua história entrelaçada. Sua alcunha é der Kaiser - o imperador. Com a Seleção Alemã (da então Alemanha Ocidental), foi campeão mundial como jogador (em 1974) e como técnico (1990), sendo um dos dois únicos treinadores a ser campeão mundial como jogador e técnico, ao lado do brasileiro Mário Jorge Lobo Zagallo.
Nome: Franz Anton Beckenbauer
Apelido: Kaiser
Cidade Natal/Data de nascimento: Munique, Alemanha, dia 11 de setembro de 1945
Altura: 1,81 m
Peso: 74 Kg
Posição: Líbero/Zagueiro/Volante

Carreira
Beckenbauer no Bayern

Bayern Munique:

Nascido na Baviera, ingressou aos 14 anos nos juvenis do Bayern Munique, então um clube pequeno da Alemanha. Na infância, também jogava tênis, tornando-se amigo de Sepp Maier, com quem praticava o esporte. Maier foi convencido relutantemente por Beckenbauer a também jogar futebol, "mais fácil", segundo o futuro Kaiser, que inclusive indicou a melhor posição para o amigo, que não tinha tanta habilidade com os pés: Goleiro, Convencer Maier, que também foi para o Bayern, não foi tão difícil para quem já havia peitado o próprio pai, que, aposentado devido a ferimentos que sofrera na Segunda Guerra, não gostava que Beckenbauer utilizasse o único par de sapatos que possuía para jogar futebol.
Quando Beckenbauer e Maier ascenderam ao time principal, em 1965, o rival Munique 1860 vivia melhor momento: havia acabado de ser vice-campeão da Recopa Européia (hoje Supercopa Européia) tendo levantado em 1964 à Copa da Alemanha pela segunda vez. O Bayern tinha como títulos a Copa da Alemanha de 1959 e apenas um campeonato alemão em 1932 e havia acabado de subir da segunda divisão. O time alemão mais vitorioso era o também o bávaro Nuremberg, com então sete títulos no campeonato. Paralelamente, Beckenbauer encontraria no elenco outro parceiro, Gerd Müller.
Em sua primeira temporada profissional, o jovem Beckenbauer viu o outro time da cidade ser o campeão da Bundesliga e igualar-se ao número de conquistas do seu time, que ainda por cima não tinha nenhuma expressão internacional. Na Bundesliga, o Bayern ficou em terceiro, a três pontos do Munique 1860; já na Copa da Alemanha os vermelhos foram campeões. O desempenho do jovem o levaria de imediato à Seleção Alemã-Ocidental (Alemanha), que o convocaria para a Copa do Mundo de 1966, ao final daquela temporada 1965/66. Maier também foi à Copa, como terceiro goleiro, enquanto Beckenbauer já seria titular.
Beckenbauer e Maier voltaram da Inglaterra com a experiência de terem sido vice-campeões (para a própria Inglaterra), o que parece sido bom para a carreira de ambos e para o clube de ambos. Na temporada seguinte, os dois conseguiriam com o Bayern o que o rival Munique 1860 perdera na anterior: o troféu da Recopa Européia, o primeiro título internacional do clube. O troféu veio com vitória por 1x0 na prorrogação sobre os escoceses do Rangers; a equipe também seria BI da Copa da Alemanha. O habilidoso líbero com um futebol vigoroso, liderança natural, passes precisos de curta e longa distância e capaz de desarmar sem fazer faltas acabaria recebendo a alcunha de "brasileiro da Alemanha", antes de tornar-se Kaiser. Outras marcas registradas de seu futebol vistoso eram a elegância com seu porte ereto, passadas largas e a cabeça sempre erguida, além da grande visão de jogo.
Na temporada de 1968/69, viria finalmente o primeiro título do Bayern na Bundesliga, o primeiro troféu do clube no campeonato alemão desde 1932. A conquista ofuscou a decepção da Alemanha Ocidental em relação à Eurocopa 1968, nas Eliminatórias, o país foi desclassificado ao empatar com a inexpressiva Albânia.

Era de Ouro:

Após o título, Beckenbauer solidificou sua presença na Seleção, juntamente com os amigos Maier e Müller. Aos poucos, o Bayern desvencilhava-se da rivalidade com o 1860 e formava outra, contra o Borussia Mönchengladbach, campeão da Bundesliga nas duas temporadas seguintes, em que o Bayern foi vice. A resposta veio com um tricampeonato consecutivo iniciado em 1971. Mais adiante outro tricampeonato ocorreria no mais importante torneio europeu de clubes, a Copa dos Campeões da UEFA (Hoje Champions League), que nenhum clube alemão havia conquistado ainda. O Bayern venceria o torneio em 1974, 1975 e 1976, sucedendo junto com o tricampeonato do Ajax de Johan Cruijff. O tricampeonato em 1976 lhe renderia sua segunda Bola de Ouro; a France Football lhe entregaria a premiação pela primeira vez em 1972.
O primeiro dos títulos foi o mais dramático: o Atlético de Madrid abrira o placar a seis minutos do fim da prorrogação. O lateral Hans-Georg Schwarzenbeck empatou de fora da área nos últimos segundos, forçando um jogo-desempate. Os alemães levaram fácil a melhor sobre um adversário abatido, goleando por 4x0 semanas antes da Copa do Mundo de 1974, no qual 7 jogadores dos 11 titulares vitoriosos na final eram do clube: Beckenbauer, Maier, Müller, Schwarzenbeck, Paul Breitner e Uli Hoeneb. Daí vinha à relação dos dias atuais entre os grandes jogadores da Seleção Alemã e o Bayern de Munique.
As duas conquistas européias seguintes, contra Leeds United e Saint-Étienne, vieram com o time perdendo espaço no Campeonato Alemão; o rival-novo Borussia Mönchengladbach inclusive igualaria o tricampeonato nacional seguido. Aos 33 anos, líder do Bayern desde os 22. Beckenbauer decidiu aceitar proposta do futebol americano. O clube era o Cosmos, que no mesmo período contratara outras estrelas internacionais: o brasileiro Carlos Alberto Torres e o italiano Giorgio Chinaglia. Kaiser deixou o Bayern como um dos grandes responsáveis por mudar o destino do clube, que se tornaria o maior da Alemanha, a ponto de deixar a rivalidade com o Munique 1860 de lado para despertar outras em todos os grandes times do país.

Cosmos:

Beckenbauer pelo Cosmos
O Cosmos já era famoso mundialmente por ter contratado ninguém menos que Pelé em 1975. O Kaiser superou o próprio Rei na eleição do melhor jogador nos Estados Unidos em seu primeiro ano no clube de Nova York (o único ano em que jogou ao lado de Pelé, que se aposentaria), sendo campeão. No mesmo ano em que aceitou o convite, por coincidência ou não, perderia lugar na Seleção: o técnico Helmut Schön o considerava velho e o avisou de antemão que não o incluiria entre os convocados para a Copa do Mundo de 1978.
Outros dois títulos nacionais com o Cosmos viriam em 1979 e 1980, com a equipe contando também com Johan Neeskens, Marinho Chagas e Romerito. Após o terceiro Soccer Bowl pelo Cosmos.
 
Hamburgo:

Beckenbauer no Hamburgo
Beckenbauer resolveu voltar à Alemanha Ocidental, visando participação na Copa do Mundo de 1982.
Escolheu o Hamburgo, sucessor do Mönchengladbach como rival momentâneo do Bayern de Munique, o HSV foi campeão em 1979 sobre o Bayern, e a ordem foi invertida no ano seguinte, sendo o Bayern campeão sobre o Hamburgo
Em sua primeira temporada no Hamburgo, o clube foi novamente vice-campeão contra o Bayern, que somava o seu nono título alemão, tornando-se o maior vencedor do campeonato. Na segunda, que era a temporada justamente anterior à Copa, o Hamburgo levaria a melhor, com seu ex-clube ficando em terceiro. Entretanto, não convocado para o mundial da Espanha, Beckenbauer ficou desgostoso e resolveu voltar imediatamente ao Cosmos, aposentando-se lá no ano seguinte, 1983 - perdendo o bicampeonato do Hamburgo e o título que o clube teria no mesmo ano na Copa dos Campeões da UEFA.

Seleção alemã:

Foi utilizado pela primeira vez nas Eliminatórias para a Copa do Mundo de 1966, onde começou sua parceria sólida no meio campo da Seleção com Wolfgang Overath, do Colônia. A Alemanha Ocidental classificou-se no grupo que compunha com Suécia e Chipre.
Beckenbauer, capitão da conquista de 74
Aos 21 anos, já era eleito um dos melhores de uma Copa do Mundo. Ele, que acabara de chegar à Seleção Alemã-Ocidental, firmava-se rapidamente entre os titulares e seria vice-campeão da Copa do Mundo de 1966. Ao contrário dos volantes da época, que ficavam no desarme e na proteção à defesa, Beckenbauer mostrou logo no jogo inaugural um diferencial, ao partir de seu campo com a bola dominada para o ataque e marcando dois contra a Suíça. Marcou seu terceiro gol nas quartas-de-final, contra o Uruguai, e outro na semifinal, o segundo dos 2x1 sobre a União Soviética de Lev Yashin, em belíssimo chute de fora da área em que a bola entrou no ângulo esquerdo do lendário goleiro soviético, após dar a impressão de que sairia. Na final, coube a ele marcar o astro máximo do adversário, a anfitriã Inglaterra: Bobby Charlton. Os dois gênios acabariam então se anulando na decisão, que terminou com vitória britânica por 4x2.
O país foi à Copa do Mundo de 1970 com Beckenbauer já como capitão da Alemanha posto que ocupasse por dez anos. Protagonizaria no México uma das cenas antológicas em mundiais, ao participar no sacrifício na semifinal, contra a Itália, em que teve de jogar boa parte do jogo segurando o ombro direito, deslocado. A lesão ocorreu aos 25 minutos de jogo, onde levou uma trombada quando tentava entrar na área italiana; como as substituições permitidas (na época, duas) já haviam sido feitas, ele teve de imobilizar o ombro e voltar ao campo.
Acabaria em vão: os italianos venceriam por 4x3 e iriam à final. Antes, nas quartas-de-final, os alemães já havia sentido o gosto de vingar-se dos rivais ingleses: reverteu uma derrota parcial de 0x2 e viraram a partida para 3x2, com o primeiro gol da reação sendo marcado pelo Kaiser, que havia inicialmente sido incumbido de marcar novamente Bobby Charlton.
O primeiro troféu do Kaiser viria dois anos depois, com o título da Eurocopa 1972 sobre a União Soviética. Naquele ano ele, campeão nacional com o Bayern, receberia sua primeira Bola de Ouro como melhor jogador da Europa. Dois anos depois, a Alemanha Ocidental sediaria a Copa. Na primeira fase do mundial de 1974, o país classificou-se sem sustos. Na segunda fase, vitórias sobre Iugoslávia e Suécia deixaram a vaga na final ser decididas diretamente contra outra rival, a Polônia. Em jogo duro, os alemães venceram por 1x0 e enfrentaria na final a grande sensação, a Holanda de Cruijff, que haviam eliminado a Seleção Brasileira. Se na Alemanha Ocidental ninguém discutia sua liderança, a ponto de ele interferir na escalação da final - preferia o parceiro Overath ao herói da Eurocopa de 1972, Günter Netzer, acusado de mercenário, o mundo aguardava seu tira-teima com o craque holandês. A final terminaria em vitória de virada por 2x1 para os anfitriões, fazendo de Beckenbauer o primeiro jogador a erguer a Taça FIFA.
Dois anos depois, aos 30 anos, seria vice-campeão da Eurocopa 1976, perdida nos pênaltis para a Tchecoslováquia. No ano seguinte, quando foi jogar-nos EUA, perderia seu espaço na Alemanha e não voltou a jogar mais com a camisa alemã.

Como treinador:

Beckenbauer atualmente
Dez anos após seu último torneio pela Alemanha Ocidental, voltava à Seleção do país como técnico, substituindo Jupp Derwall. Em sua primeira experiência como treinador, foi logo vice-campeão da Copa do Mundo de 1986, mas seguiu-se um decepcionante terceiro lugar na Eurocopa 1988, disputada em casa. No mundial seguinte, a Seleção Alemã-Ocidental reencontraria na final o adversário que a vencera em 1986, a Argentina, em uma luta entre ambas pelo tricampeonato mundial, o que igualaria uma das duas a Brasil e Itália. Dessa vez, a Alemanha Ocidental levou a melhor. Depois da Copa, Beckenbauer deixou o posto para seu ex-colega Berti Vogts.
A segunda experiência como treinador viria na França. Convidado pelo presidente do clube aceitou a proposta para treinar o Olympique de Marseille na temporada em 1990, passagem sem muito sucesso, fazendo com que Franz abandonasse o clube logo no ano seguinte.
As outras oportunidades como treinador vieram com o Bayern Munique, duas vezes, acumulando já a função de presidente. Foi campeão alemão em 1993-94, assumindo o cargo no decorrer da temporada. Em 1996, na segunda passagem, o Kaiser despediu-se com um troféu, o da Copa da UEFA de 1996. Mantém-se como presidente do Bayern de Munique até hoje, tendo também assumido a superintendência do Comitê Organizador da Copa do Mundo de 2006, realizada na Alemanha. Também é comentarista da conceituada publicação esportiva alemã.

Títulos:
Bayern Munique
Copa dos Campeões da UEFA: 1973-74, 1974-75, 1976-76
Copa da Alemanha: 1965-66, 1966-67, 1968-69, 1970-71
Recopa Européia: 1966-67
Campeonato Alemão: 1968-69, 1971-72, 1972-73, 1973-74
Copa Intercontinental: 1976
Seleção Alemã Ocidental
Eurocopa: 1972
Copa do Mundo FIFA: 1974
Cosmos:
Campeonato Americano: 1976-77, 1977-78, 1979-80
Hamburgo:
Campeonato Alemão: 1981-82

Como treinador:
Bayern Munique:
Campeonato Alemão: 1993-94
Copa da UEFA: 1995-96
Seleção Alemã:
Copa do Mundo FIFA: 1990

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